Somos filhos no filho

10/06/2013 16:09

A carta de São Paulo aos Gálatas nos deixa bem claro: “porque todos sois filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo” Gl 3,26. Nossa filiação a Deus Pai é única e exclusivamente pela fé em Nosso Senhor Jesus Cristo, e não por uma prática escravizadora de um conjunto de leis. Isto se dá para entendermos que a graça de nossa filiação não vem de nossos méritos, mas é puro dom de Deus. Ninguém é merecedor de tal graça, mas é por dom gratuito do amor e misericórdia de Deus que somos seus filhos no filho.

Toda a carta de São Paulo aos Gálatas é um chamado a conversão e plena adesão a Jesus na liberdade do Espírito Santo. No início do cristianismo existia um esforço de judeus convertidos ao cristianismo, que por medo de assumir todas as consequências da cruz de cristo, queriam impor aos pagãos o fardo da lei. São Paulo os exorta que pela prática da lei é impossível se obter a salvação, pois se assim fosse, cristo teria morrido em vão Gl 2,21. Reforçando assim, nosso chamado a liberdade e a gratuidade da salvação por meio da fé.

Mas viver a fé não é uma tarefa fácil. Assim como no tempo de Paulo a fé era ameaçada por pensamentos contrários ao verdadeiro evangelho de Cristo, hoje vivemos tal crise diante do secularismo e também do relativismo que torna até mesmo a fé dos crentes esvaziada de sentido. Nosso querido Papa Emérito Bento XVI deixa bem claro em sua carta que dá início ao ano da fé, Porta Fidei, em seu parágrafo segundo: “Sucede não poucas vezes que os cristãos sintam maior preocupação com as consequências sociais, culturais e políticas da fé do que com a própria fé, considerando esta como um pressuposto óbvio da sua vida diária. Ora um tal pressuposto não só deixou de existir, mas frequentemente acaba até negado. Enquanto, no passado, era possível reconhecer um tecido cultural unitário, amplamente compartilhado no seu apelo aos conteúdos da fé e aos valores por ela inspirados, hoje parece que já não é assim em grandes sectores da sociedade devido a uma profunda crise de fé que atingiu muitas pessoas.” Porta Fidei, 2.

 

Faz-se urgente entender que a igreja não é uma instituição humana e nossa adesão a Jesus não é uma revolução meramente social. Nossa fé tem que estar enraizada na cruz de Cristo (Gl 6,14) e em sua obra redentora, na fé viva de Jesus Nosso Senhor e Salvador. Sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11,6), e esta fé não poder ser vazia de obras, mas por outro lado as obras vazias de fé não realizam plenamente a vontade de Deus, pois o Justo viverá pela fé e aquele que de fato vive pela fé em Jesus, pratica as mesmas obras que ele praticou.

 

Aquele que vive pela fé deve assumir plenamente sua condição de filho de Deus. No capítulo 4 da carta aos Gálatas, versículos 21 à 31 Paulo faz uma alegoria entre a descendência de Sara e Agar. De Sara vem Isaac o filho da promessa, de Agar vem Ismael o filho do desejo da carne. São Paulo nos coloca como filho da Livre, da Promessa mas não para esta terra, mas para uma Jerusalém celeste, transcendente. Não somos filhos de vontade humana, mas somos filhos da promessa de um céu, de uma descendência prometida a Abraão, e esta descendência é Jesus. Nossa fé não pode estar enraizada neste mundo, mas na promessa de Jesus: “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fora assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar vos um lugar.” Jo 14,2 Se de fato somos filhos no filho, busquemos as coisas do alto, pois é lá com Cristo que nossa vida está escondida.


Paulo Franco Machado

Grupo de Oração Todos os Santos

Renovação Carismática Católica – Arquidiocese de Goiânia

Coordenador Arquidiocesano do Ministério de Comunicação Social

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